Sustentabilidade: uma jornada de descobertas

Como professora e profissional de Marketing, com atuação em um MBA em ESG e, especialmente, como gestora do programa Origem Sustentável, tenho tido o privilégio de acompanhar de perto a jornada de empresas e profissionais que, inicialmente, abordaram a sustentabilidade com uma mistura de curiosidade e apreensão.

Tema que ganhou força no Brasil a partir da década de 90, hoje a sustentabilidade, mais do que um diferencial, é uma condição de sobrevivência no mercado. No setor calçadista, muitas empresas e profissionais já entenderam a importância do tema, que vai muito além de atender a legislação. Por outro lado, ainda existem profissionais e corporações que, por falta de conhecimento e acesso a algumas informações, ainda têm um pouco de receio.

O nosso papel enquanto agentes da cadeia produtiva do calçado é desmistificar a questão. Com o objetivo de criar bases para o crescimento da cultura da sustentabilidade no setor, a Assintecal e a Abicalçados criaram, em 2013, o Origem Sustentável, único programa do mundo a certificar empresas da cadeia produtiva do calçado com práticas produtivas sustentáveis. O papel do programa, além de certificar fabricantes alinhados ao conceito de uma produção baseada nos conceitos de ESG, é desmistificar a aplicação prática da sustentabilidade.

Muitas empresas iniciam o processo de implementação da sustentabilidade com a percepção de que é um campo denso, complexo e, talvez, com pouco material prático para suas realidades. O receio de que um processo de certificação seria burocrático e exaustivo era (é, em alguns casos ainda) uma constante. No entanto, o que testemunhamos repetidamente é uma surpreendente desmistificação à medida que empresas mergulham nos pilares do programa Origem Sustentável.

A cada etapa da certificação, as empresas começam a perceber que a sustentabilidade não é um conjunto de regras inflexíveis, mas sim um guia de boas práticas para a inovação e a eficiência. O que antes parecia um desafio complexo, transforma-se em um convite para olhar para suas operações com novas lentes. Desde a otimização de processos e a redução de resíduos até o aprimoramento das relações com stakeholders e o desenvolvimento de produtos mais responsáveis, as oportunidades se revelam.

O processo de certificação do Origem Sustentável atua como um catalisador. Ele não apenas fornece a estrutura e as ferramentas necessárias para a implementação de práticas sustentáveis, mas também promove um aprendizado contínuo. À medida em que as empresas avançam, elas não apenas cumprem os requisitos, mas também desenvolvem um conhecimento aprofundado sobre o tema, descobrindo como a sustentabilidade pode ser integrada de forma orgânica em seus modelos de negócio.

O mais inspirador é ver o engajamento e a motivação que ocorrem. Empresas que começaram com dúvidas rapidamente se tornam agentes de mudança, inspirando suas equipes a abraçar a sustentabilidade. Percebem que os ganhos vão muito além da conformidade e da imagem. Observam a redução de custos, o aumento da eficiência, a melhoria da reputação e, crucialmente, a criação de um ambiente de trabalho mais engajado e produtivo. A sustentabilidade se torna, então, um motor para a inovação e o crescimento, impulsionando-as a buscar novas implementações e a elevar seus próprios padrões.

O programa Origem Sustentável tem sido fundamental para essa transformação. Ele não apenas certifica, mas também capacita e inspira. Ao guiar as empresas por um caminho que, inicialmente, pode parecer intimidador, ele as ajuda a enxergar que a sustentabilidade é, na verdade, uma vantagem competitiva inestimável, um caminho para a resiliência e um compromisso com um futuro mais próspero para todos. E é exatamente essa descoberta, esse despertar para as possibilidades infinitas da sustentabilidade, que torna a jornada de cada empresa uma história de sucesso e um testemunho do poder transformador da certificação.

Nesses mais de 12 anos de programa, nos deparamos com muitas situações diferentes. Conversando para sentir as dores desses fabricantes, explicamos o tema, a sua aplicação e tivemos ótimos resultados. Questões que ouvimos e desmistificamos:

Sustentabilidade é para grandes empresas.

Não. Essa é uma percepção comum, mas equivocada. A sustentabilidade é, na verdade, uma oportunidade e uma demanda para empresas de todos os portes, incluindo pequenas e médias empresas. É um paradigma que transcende o tamanho da empresa. É sobre responsabilidade, eficiência e visão de futuro. Pequenas e micro empresas que adotam a sustentabilidade não apenas contribuem para um mundo melhor, mas também se fortalecem, se tornam mais competitivas e garantem sua relevância no cenário econômico atual e futuro.

Sustentabilidade é um processo caro.

Não é. Inclusive, muitas empresas que já adotam práticas sustentáveis há muito tempo não sabem, têm ações dispersas e não tabuladas, em um processo formatado. Esse mapeamento e organização pode ser realizado dentro da própria empresa, sem custos extras. E os resultados são sempre surpreendentes do numero de ações sustentáveis que, sem saber, ja são colocados em prática.

Sustentabilidade é apenas custo.

Não, não é correto afirmar que sustentabilidade é apenas custo. Essa é uma visão simplista e desatualizada. Embora possa haver investimentos iniciais e custos associados à implementação de práticas sustentáveis, a sustentabilidade deve ser vista como um investimento estratégico que gera retornos significativos a médio e longo prazo, além de mitigar riscos. Temos empresas que reportaram economias anuais de até R$ 20 milhões.

Certificar a empresa despende muitos recursos.

A certificação no âmbito do Origem Sustentável tem início com a taxa de adesão que parte de R$ 900 para micro/pequenas empresas. Após os ajustes necessários para conformidade e depois de passar pelo processo formal de auditoria, a certificação vale por dois anos. Ou seja, com R$ 450 por ano, R$ 1,23 por dia, você pode dar início a sua jornada de sustentabilidade.

Além disso, existem diversas linhas de financiamento específicas e incentivos fiscais para empresas e projetos que trabalham com sustentabilidade no Brasil, tais como BNDES, bancos públicos e privados, fundos de investimentos verdes, editais e chamadas públicas. O cenário de fomento à economia verde e às práticas ESG tem crescido bastante, reconhecendo o papel estratégico desses investimentos.

Buscando fomentar ainda mais a criação da cultura de sustentabilidade por meio de profissionais da indústria, A Faculdade IENH, de Novo Hamburgo/RS, com o apoio do Origem Sustentável, oferece o primeiro MBA de ESG presencial do estado, Indo para a sua terceira turma, o curso está com inscrições abertas no site https://info.ienh.com.br/mba-em-esg/. Que tal fazer parte desta jornada?

Aline Santos

Gestora de Marketing e Relacionamento da Assintecal

Coordenadora do MBA de ESG do IENH