O futuro dos relatórios de sustentabilidade (e da sustentabilidade)
- Origem Sustentável

- 26 de mai.
- 4 min de leitura
A forma como a sustentabilidade é trabalhada nas empresas está passando por uma transformação profunda, e isso afeta diretamente o modo como as organizações devem reportar informações desta natureza ao mercado.
Ao longos dos últimos anos, as empresas de modo geral priorizaram a perspectiva do marketing ao reportar informações sobre sustentabilidade. Relatórios anuais com belo design, muitas imagens, textos rebuscados e voltados para sustentar narrativas sobre o quanto a empresa é sustentável (muitas vezes deixando problemas e riscos de fora) proliferaram.
Um parênteses: o tipo de abordagem acima não predominou apenas nos relatórios anuais, mas também na estratégia de sustentabilidade das empresas. Objetivos e metas redigidos de forma bela e encantadora, mas pouco exequíveis – não raro estratégias foram construídas sem se preocupar com a gestão e monitoramento do progresso, negligenciando a relevância de informações mensuráveis, verificáveis, comparáveis e de qualidade.
Felizmente, isso está mudando. O modismo em torno do “ESG”, que distorceu o conceito e atraiu todo o tipo de oportunistas, terminou. Estamos retornando às origens da sustentabilidade e do próprio ESG.
Um bom ponto de partida para entender o futuro dos relatórios de sustentabilidade (e da sustentabilidade) é a análise das normas IFRS S1 e S2, que tratam dos requisitos gerais para divulgação de informações financeiras relacionadas, respectivamente, à sustentabilidade e ao clima.
As normas S1 e S2 foram publicadas pelo International Financial Reporting Standards – IFRS, mesma organização responsável pelas normas contábeis amplamente adotadas internacionalmente. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, por meio das Resoluções 217, 218 e 219, tornou o reporte anual obrigatório a partir de 2027 (em relação ao exercício de 2026), para as companhias de capital aberto. O Banco Central, por meio da Resolução CMN 5.185/2024, foi além e definiu que, para as instituições financeiras classificadas como de grande porte (S1 e S2), mesmo que não sejam de capital aberto, também é obrigatório o reporte e, a partir do exercício de 2028, para as demais instituições de porte pequeno a intermediário (S3 a S5)¹ .
A primeira grande mudança diz respeito à perspectiva priorizada ser a financeira, e não a de marketing. Aliás, as normas deixam claro que a descrição deve ser neutra, sem viés na seleção ou divulgação de informações, sem o propósito de influenciar comportamento. Não é mais sobre “contar uma história bonita”, mas sim comunicar, de forma completa e precisa, como riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e às mudanças climáticas impactarão – no curto, médio e longo prazo – o fluxo de caixa, o acesso a financiamento e o custo de capital da empresa.
A mudança que está ocorrendo é tão profunda (e necessária) que forçará as empresas a realizar exercícios para desenhar cenários futuros de riscos e oportunidades e quantificar seus impactos financeiros. Exemplo: uma empresa que têm alta dependência de uma planta como matéria-prima, se a capacidade de fornecimento e custos desta planta for prejudicada por seca ou enchentes, tornando-se escassa, qual impacto financeiro isto trará para a empresa e como mitigar este risco?
O exemplo anterior é sobre clima, mas, há múltiplos riscos e oportunidades que podem colocar em xeque a perenidade do negócio. A falta de mão de obra qualificada, diante das mudanças no mercado, em especial a geracional, é uma que afeta diretamente o setor de calçados. Como isso impactará no curto, médio e longo prazo o fluxo de caixa, o acesso a financiamento e o custo de capital da empresa? Como estimar e quantificar isso? Como mitigar o risco? Este é o desafio proposto pelas normas IFRS S1 e S2.
Evidentemente, o futuro dos relatórios passa por focar em transmitir informações qualificadas e com viés financeiro para que os stakeholders, em especial investidores e credores, avaliem como os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade e ao clima afetarão sua posição financeira, desempenho financeiro e fluxos de caixa da empresa. Além disso, essas análises têm valor imenso para o sucesso e a perenidade do negócio, tornando-o mais resiliente e apto a aproveitar oportunidades.
As normas IFRS S1 e S2 mencionam recorrentemente que os riscos e oportunidades a ser analisados incluem aqueles presentes na cadeia de valor. Isso fará com que a nova abordagem financeira não fique restrita às grandes empresas, gerando um efeito de adequação em rede para fornecedores diretos e indiretos, alcançando pequenas e médias empresas.
Outra consequência destas mudanças é o ganho de relevância dos dados. Os números passam a ser auditados e, portanto, precisam ser verificáveis (rastreáveis). Isso requer a integração de processos e controles robustos que permitam a captura, verificação e reporte de dados ESG de forma precisa e confiável. Nada impede também que a perspectiva financeira das normas IFRS S1 e S2 opere em paralelo aos relatórios conforme o padrão da GRI – Global Reporting Initiative, mas mesmo estes tradicionais relatórios terão seu formato impactado profundamente por esta nova perspectiva.
Em síntese, as empresas precisam ter consciência destas mudanças e ajustar sua abordagem em relação à sustentabilidade e ao clima, sob pena de serem vistas como ultrapassadas por seus stakeholders e perder valor. Mais grave do que isso, estas organizações podem ficar expostas aos riscos relacionados e seus reflexos financeiros de curto, médio e longo prazo, colocando a perenidade do negócio em xeque.
¹As classificações S1 a S5 dizem respeito ao porte, complexidade e relevância sistêmica das instituições financeiras, em ordem decrescente (do maior [S1] para o menor [S5]).

Elias da Silveira Neto
Consultor em Sustentabilidade e ESG da Abicalçados
Advogado Especializado em Direito Ambiental Nacional e Internacional pela UFRGS
Cofundador e CEO das empresas Ecovalor Consultoria em Sustentabilidade e ESG Now Tecnologia




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